México: A 10 anos do desaparecimento de estudantes em Ayotzinapa, continuam faltando 43
As Américas, 27 de setembro de 2024. Passou-se uma década desde a detenção e o desaparecimento de 43 estudantes da Normal Rural Isidro Burgos, um centro de formação de professores localizado em Ayotzinapa, Tixla, no estado de Guerrero, México. Ao longo desses 10 anos, não houve justiça, e os avanços foram possíveis graças à luta incansável dos pais.
A investigação sobre o desaparecimento desses jovens, um gravíssimo caso de violência estatal no México, foi inicialmente desviada de forma dolosa para encobrir os responsáveis. Apesar das solicitações dos pais, de seus representantes e das autoridades fiscais, não foi possível obter acesso pleno a informações militares essenciais para esclarecer os fatos e determinar o paradeiro dos jovens. Nesse sentido, em agosto de 2023, o último relatório do Grupo Interdisciplinar de Especialistas Independentes (GIEI) sobre Ayotzinapa deixou claro que o exército mexicano possuía informações sobre a detenção e o desaparecimento dos estudantes e, mesmo assim, decidiu não agir. Os especialistas também apontaram a persistência de mentiras e enganos para encobrir os responsáveis e distorcer a verdade do que ocorreu.
Neste aniversário, o CEJIL se une às vozes que reconhecem a imensa coragem e valentia dos pais dos estudantes desaparecidos, que não desistiram de buscar justiça e clamam pelo retorno de seus filhos. Com eles, nossa solidariedade.
Igualmente, expressamos nosso reconhecimento às organizações que acompanham as famílias nessa luta: o Centro de Direitos Humanos Agustín Pro Juárez, o Centro de Direitos Humanos da Montanha-Tlachinollan, Serapaz e o Centro de Análise e Pesquisa Fundar. Essas organizações sofreram assédio e tentativas de deslegitimação por seu trabalho na defesa dos direitos humanos.
A desaparição forçada é um crime que não se extingue até que as pessoas sejam encontradas ou seu paradeiro seja esclarecido. Acima de tudo, é uma ferida que não cicatriza, uma espera que nunca termina, uma dor que não encontra alívio. Por isso, neste décimo aniversário, retomamos as demandas das famílias e organizações:
Às autoridades responsáveis por fazer justiça, exigimos o pleno esclarecimento dos fatos, bem como a identificação, julgamento e, se for o caso, a punição de todos os responsáveis, tanto na esfera civil quanto militar. Neste processo, é indispensável garantir investigações independentes e rigorosas.
Às autoridades militares, demandamos a entrega de todos os arquivos em sua posse relacionados a este caso, pois está claro que possuem informações que podem acelerar as investigações.
E aos que assumem o novo governo, solicitamos veementemente que adotem as medidas necessárias para restabelecer a confiança das famílias e das organizações que as representam, garantindo especialmente a independência das investigações para que a verdade prevaleça neste caso. É imprescindível que se reconheça e respeite a legitimidade da defesa dos Direitos Humanos e que cessem os ataques às organizações.
Por fim, reiteramos a exigência de que se determine o paradeiro dos 43 jovens desaparecidos. Eles fazem falta às suas famílias, fazem falta ao México, e fazem falta a toda a humanidade.